Memória: Caso da neném Maria Sofia completa dois anos
Em 7 de fevereiro de 2022, a sociedade carioca foi abalada por uma tragédia que, lamentavelmente, poderia ter sido evitada. Maria Sofia da Silva Flora, uma criança de apenas 1 ano e 10 meses, perdeu a vida de maneira trágica, levantando questões sérias sobre o papel da comunidade, das autoridades e, sobretudo, dos Conselhos Tutelares na proteção das crianças.
As investigações revelaram que a causa da morte de Maria Sofia foi um traumatismo craniano encefálico, resultado da síndrome do bebê sacudido, conhecida como “Shaken baby.” Esse diagnóstico aponta para maus-tratos graves e agressões que a pequena Sofia sofreu, culminando em seu falecimento precoce.
O inquérito da Polícia Civil, divulgado em 7 de março de 2022, identificou a mãe da criança, uma adolescente de 17 anos, e seu padrasto, Mateus Monteiro do Nascimento, de 20 anos, como os responsáveis pelo crime. Ambos foram presos em Realengo, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
No entanto, o aspecto mais angustiante dessa tragédia são as diversas tentativas infrutíferas feitas pelo pai de Sofia, João Vitor Silva Flora, para assegurar a guarda da criança nos meses que antecederam sua morte trágica. João Vitor e a avó da bebê, Dona Romilda, empreenderam incansáveis esforços para garantir a segurança da criança, buscando incessantemente ajuda das autoridades. Infelizmente, essas diligências acabaram sendo ineficazes.
Os familiares paternos acionaram os Conselhos Tutelares de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Santa Cruz, além da Defensoria Pública de Arraial do Cabo, buscando intervenção e proteção para Maria Sofia. Apesar dos esforços hercúleos despendidos, os órgãos envolvidos, embora tenham agido de maneiras diversas, não conseguiram modificar a situação da bebê, o que é particularmente doloroso e frustrante.
Em um desabafo nas redes sociais, João Vitor revelou que vizinhos tinham relatado que Sofia estava sendo vítima de maus-tratos, frequentemente exibindo ferimentos e até mesmo tendo um de seus braços quebrado.
Desde julho do ano anterior, o pai biológico e a avó paterna de Maria Sofia iniciaram uma busca desesperada pela criança, enfrentando constantes mudanças de endereço promovidas pela mãe e pelo padrasto. Essa situação dificultou ainda mais a localização da bebê e amplificou o desespero da família em protegê-la.
“A gente estava procurando ela há oito meses. Nós recebíamos as denúncias e íamos onde sabíamos que ela estava. Não tivemos ajuda nenhuma, nem da defensoria e muito menos do conselho tutelar”, desabafou Romilda Nunes, avó paterna de Sofia.
A Defensoria Pública confirmou que foi acionada inicialmente por João Vitor, que não sabia onde a criança estava. Em novembro do ano passado, quatro meses após o primeiro contato, ele forneceu informações adicionais às autoridades.
“Imediatamente, em 24 de novembro, foi formulado um pedido para que a filha fosse reintegrada ao seu convívio, até porque o acolhimento, por expressa disposição legal, é excepcional. O pedido, após manifestação contrária do Ministério Público, não foi imediatamente acolhido, tendo sido determinada análise mais aprofundada de toda a situação familiar em 7 de janeiro de 2022”, explicou a Defensoria.
Atualmente, a avó e o pai biológico de Maria Sofia estão em busca de justiça para a tragédia que poderia ter sido evitada. “Hoje a gente quer justiça, mas quando soubemos dos primeiros episódios, só queríamos pegar a Sofia e cuidar dela”, concluiu João Vitor.
Julgamento marcado para abril
O julgamento de Mateus Monteiro do Nascimento, acusado do cruel assassinato de Maria Sofia, está marcado para 29 de abril de 2024. A avó da bebê, Dona Romilda, anunciou a notícia com emoção, expressando felicidade e alívio ao ver a justiça acontecendo. Contudo, ela também compartilhou sua apreensão, destacando a dificuldade de reviver os dias do julgamento e pedindo apoio da comunidade.
“Eu recebi a notícia do julgamento do caso da minha neta que foi marcado para o dia 29 de abril às 13 horas. Isso vai servir de exemplo, vai ser um dia de popular, um dia de justiça”, disse Dona Romilda no vídeo emocionante.
Ela relembrou a trajetória triste de Maria Sofia, uma bebê de apenas 1 ano e 10 meses, que sofreu 9 meses de tortura e sofrimento antes de perder a vida devido a um traumatismo craniano encefálico. Dona Romilda pediu apoio da comunidade para divulgar a história de sua neta, buscando justiça e garantindo que as pessoas conheçam a verdade antes do julgamento.
ComCausa acompanha a família
Diversos movimentos, incluindo a ComCausa, estão acompanhando o caso para contribuir na busca pela justiça e prevenir a recorrência de situações tão trágicas. A instituição estabeleceu contato com a avó paterna de Maria Sofia, Romilda Nunes, oferecendo ajuda por meio do programa ACOLHER, destinado a apoiar familiares que enfrentam a terrível realidade da violência infantil.
O ACOLHER não se limita a palavras de consolo; ele se concentra no acompanhamento ativo dos casos, permanecendo ao lado das famílias em todas as etapas do processo. Além disso, a ComCausa desempenha um papel essencial na articulação com outros movimentos sociais, a imprensa e as autoridades. Essa colaboração multifacetada é crucial para garantir que as vozes das famílias das vítimas sejam ouvidas, que a verdade seja revelada e que a justiça prevaleça.
O triste desfecho da vida de Maria Sofia destaca a importância de uma resposta eficaz e ágil das autoridades e da comunidade.
Parte do vídeo ‘UMA HISTÓRIA QUE PODERIA TER SIDO EVITADA’ do canal O Insólito – confira completo neste link