Quatro anos após o assassinato do menino Henry Borel, a espera por justiça se transformou em uma via crucis para a família da vítima e para todos que acompanham o caso. A decisão recente do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a reavaliação da prisão preventiva de Monique Medeiros, reacendeu a revolta do vereador Leniel Borel, pai do menino e um dos principais defensores da luta contra a violência infantil no Brasil. Para ele, o caso se tornou um símbolo da morosidade do sistema judiciário e das estratégias de postergação adotadas pela defesa dos réus.
“Mais um capítulo na luta por justiça nesses longos quatro anos. De novo, será julgado um pedido de liberdade da algoz do meu filho. Enquanto isso, o júri popular segue sem data, mesmo com um processo bem fundamentado e farto em provas. Não posso deixar que mais essa injustiça aconteça com meu filho. Eu, junto à sociedade, clamo por justiça por Henry Borel!”, desabafa Leniel.
Monique Medeiros e o ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, estão presos preventivamente desde 2021, acusados do homicídio qualificado e tortura do menino de 4 anos. Henry morreu no apartamento onde vivia com a mãe e o padrasto, e laudos periciais comprovaram que ele sofreu agressões severas antes da morte, descartando a versão inicial do casal de que o menino teria sofrido um acidente doméstico.
A estratégia da defesa: o tempo como aliado
Para Leniel Borel, a nova tentativa de soltar Monique não é apenas um pedido de liberdade, mas parte de uma estratégia maior da defesa dos réus para adiar ao máximo o júri popular. “Eles insistem em recursos e mais recursos, tentando manipular o processo e enfraquecer o caso. Primeiro, pediram liberdade para Monique, depois para Jairinho. O objetivo é claro: desgastar a opinião pública e dificultar a condenação. Não podemos permitir que a Justiça seja feita refém dessas manobras”, denuncia o Leniel.
Desde a prisão do casal, a defesa tem recorrido a habeas corpus e questionamentos sobre as provas, utilizando todos os meios disponíveis para atrasar o julgamento. Até o momento, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) não marcou a data do júri, alegando pendências processuais.
A pressão por um julgamento
Leniel Borel avalia que a manutenção da prisão preventiva de Monique e Jairinho é essencial para garantir um julgamento justo e impedir interferências no processo. Ele ressalta que a liberdade dos acusados passaria um recado perigoso de impunidade, fragilizando a confiança na Justiça e incentivando a postergação do julgamento.
Além disso, o Leniel lembra que a principal testemunha do caso, a babá Thainá Oliveira, já foi coagida, o que levanta preocupações sobre a segurança de outras testemunhas que podem sofrer intimidações caso Monique seja solta. O pai do menino Henry também alerta para o risco de fuga e para as constantes tentativas da defesa de manipular o andamento do processo, deixando claro que o objetivo é adiar ao máximo o júri e criar um ambiente favorável para os réus escaparem de uma condenação.
Henry Borel: Um símbolo da luta contra a violência infantil
A demora no judiciário, somada às manobras da defesa, transforma a busca por justiça em um verdadeiro calvário para as famílias das vítimas. O caso de Henry Borel é um triste exemplo de como a morosidade e as estratégias de adiamento podem prolongar o sofrimento e a angústia daqueles que aguardam por respostas e por um desfecho justo. Enquanto o júri popular não for marcado, a luta por justiça continuará sendo uma via crucis para Leniel Borel e para todos que acreditam que a impunidade não pode prevalecer.
“Meu filho não morreu em vão. Ele se tornou um símbolo da luta contra a violência infantil. Se esse crime brutal não for julgado com rigor, que mensagem estaremos passando para o Brasil? Não podemos aceitar que os responsáveis fiquem impunes. Eu falo por Henry e por todas as crianças que precisam de justiça!”, finaliza Leniel, reforçando que a sociedade precisa seguir atenta e mobilizada para que o caso não seja esquecido.

Relembre o caso
Na madrugada de 8 de março de 2021, Henry Borel foi levado já sem vida ao Hospital Barra D’Or por Monique e Jairinho. Inicialmente, o casal alegou que a criança havia sofrido um acidente doméstico, encontrado desacordada no chão do quarto após um suposto tombo. No entanto, o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) revelou uma realidade bem diferente: Henry apresentava 23 lesões pelo corpo, incluindo hematomas, contusões nos rins e pulmões, lesões na cabeça e uma laceração hepática que causou hemorragia interna – a causa oficial de sua morte. A perícia concluiu que as lesões eram resultado de ação contundente, incompatíveis com a versão apresentada pelo casal.
A investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro apontou que Henry foi vítima de agressões perpetradas por Jairinho, com a conivência de Monique, que, segundo provas, tinha conhecimento prévio das violências sofridas pelo filho. Mensagens recuperadas do celular de Monique, trocadas com a babá Thayná Ferreira, mostraram que o menino já vinha sendo alvo de abusos semanas antes do crime fatal. Em uma das conversas, datada de fevereiro de 2021, a babá relatou que Henry saiu mancando após ficar trancado com Jairinho no quarto, mas Monique optou por não tomar providências.
Prisão e repercussões
Em 8 de abril de 2021, exatamente um mês após a morte de Henry, Monique Medeiros e Dr. Jairinho foram presos preventivamente, acusados de homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de tortura –, além de outros crimes como coação de testemunhas e, no caso de Monique, omissão diante das agressões. A prisão foi marcada por detalhes que reforçaram a gravidade do caso: o casal tentou descartar celulares pela janela ao perceber a chegada da polícia, e Jairinho usou sua influência política para contatar autoridades, como o então governador em exercício Cláudio Castro, na tentativa de abafar as investigações.
O caso também expôs o perfil de Jairinho, um médico e vereador reeleito por cinco mandatos, conhecido por sua influência na Zona Oeste carioca. Após o crime, ele perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar e teve o registro profissional de médico cassado. Já Monique, que inicialmente defendeu a versão do acidente, viu sua situação se complicar com as evidências de que sabia das agressões e não protegeu o filho.
Por que o julgamento ainda não ocorreu?
O caso, que chocou o Brasil em 2021, continua a reverberar na sociedade, reacendendo debates sobre violência doméstica, proteção infantil e a lentidão do sistema judicial brasileiro. Até hoje, os acusados – Monique Medeiros, mãe de Henry, e Jairo Souza Santos Júnior, o ex-vereador conhecido como Dr. Jairinho, então padrasto do menino – ainda não foram julgados em júri popular, apesar das provas robustas apresentadas pela investigação.
Apesar da determinação da juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, em novembro de 2022, de que Monique e Jairinho sejam levados a júri popular, o julgamento ainda não tem data marcada. Recursos apresentados pelas defesas dos réus ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm adiado o processo. Um dos recursos, que questiona a sentença de pronúncia, segue pendente de análise no STJ, impedindo a marcação do júri.
Enquanto isso, os acusados permanecem presos preventivamente – Jairinho no presídio Bangu 8, e Monique em uma unidade feminina no Complexo de Gericinó. Nos últimos anos, Monique chegou a ser solta temporariamente em 2022, mas voltou à prisão em 2023 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
O que esperar?
Com o quarto aniversário do crime, a pressão popular por um desfecho aumenta. O MPRJ mantém a acusação firme, sustentada por laudos periciais, depoimentos e provas digitais, enquanto as defesas de Monique e Jairinho insistem em versões alternativas e questionam a imparcialidade do processo. A expectativa é que o STJ julgue o recurso pendente ainda em 2025, abrindo caminho para o tão aguardado júri popular.
Enquanto o dia 8 de março de 2025 chega, a memória de Henry Borel permanece viva, não apenas como símbolo de uma tragédia, mas como um chamado à reflexão sobre a proteção das crianças e a responsabilidade de todos – família, sociedade e Estado – em evitar que casos como esse se repitam.
O sentimento da família e da sociedade
Às vésperas do quarto aniversário do crime, o Caso Henry Borel continua a gerar comoção. Nas redes sociais, internautas cobram celeridade na Justiça e expressam revolta com a brutalidade do ocorrido.
Leniel Borel, em entrevista recente, afirmou que a data de 8 de março é sempre um momento de dor, mas também de renovação de sua luta. “Meu filho foi um anjo que mudou leis e consciências. Só peço que a Justiça faça sua parte”, declarou. Ele também anunciou que, em maio de 2024, sua filha Valentina nasceu, coincidentemente no mesmo dia do aniversário de Henry, 3 de maio, o que trouxe um novo significado à data.
Mais notícias
01 – Julgamento do caso Henry Borel
02 – Henry Borel: Os valores acima da vida
03 – Henry Borel: Uma Vítima Fatal Visível da Alienação Parental
04 – Vamos falar da Lei Henry Borel
05 – A Importância da Lei Henry Borel no Combate à Violência contra Crianças
| Projeto Comunicando ComCausa
| Portal C3 | Instagram C3 Oficial
______________

Compartilhe: