Julgamento do caso Henry Borel

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Foi iniciado nesta quarta, dia 06 de outubro, as audiência de instrução do caso Henry Borel. Nova audiência somente acontecerá em dezembro.

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Nesta primeira fase do julgamento, a juíza titular da 2ª Vara Criminal do Rio, Dra Elizabeth Machado Louro, vai ouviu as testemunhas de acusação e irá decidir se o casal irá a júri popular. Para isso, a magistrada terá que analisar se há prova da materialidade e indícios suficientes da autoria de crime contra a vida. Serão ouvidas 63 testemunhas de acusação e defesa. Entre elas estão policiais, peritos, familiares e funcionários da casa onde Henry morreu.

Na primeira sessão de julgamento, dos acusados estava presente somente Monique Medeiros, mãe da criança. Já o ex-vereador Jairo Souza Santos, o Dr. Jairinho, acompanhou de maneira virtual por questão de segurança.

Entre os principais depoimentos estava a do delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, primeira testemunha na fase preliminar do julgamento do homicídio de Henry Borel Medeiros, contou que no dia em que colhia o depoimento de Monique Medeiros e Jairinho estavam “completamente à vontade”, inclusive eles pediram pizza durante o depoimento na delegacia, tendo pedido pizza e até tirado selfie. O Doutor Jairinho, padrasto da criança, chegou a fazer piadas enquanto estava na delegacia durante depoimento em sede policial em 17 de março.

Durante a audiência, Monique chorou no depoimento do delegado Edson Henrique Damasceno, quando ele lembrou as acusações contra ela e no momento em que o delegado relatava o comportamento do casal, houve uma discussão entre o promotor Fábio Vieira e o advogado de Monique, Thiago Minagé. A troca de farpas foi interrompida pela juíza Elizabeth Machado Louro. “Aqui não é CPI. Aqui a gente está para ouvir a testemunha. Isso aqui não vai virar circo!”, disse a magistrada.

Babá muda depoimento

Thayná Oliveira Ferreira, babá de Hanry e a última testemunha a depor no primeiro dia de audiências do julgamento, mudou o depoimento mais uma vez ao ser ouvida já na madrugada desta quinta-feira. Thayná disse que nunca viu o menino ser agredido por Jairinho e que se sentiu ameaçada por Monique.

Na delegacia a babá disse, em março, que não percebia nenhum problema na relação da família. Já em abril, ela disse que tinha presenciado o padrasto agredindo a criança e que teria mentido à polícia a pedido de Monique. Já no julgamento, mudou de novo a versão.

A mãe da Thayná Oliveira, D. Thalita até hoje trabalha como babá do filho da irmã do ex-vereador Dr. Jairinho.

Henry começou a dar indícios de que não queria voltar ao convívio de Monique e Jairinho

O pai de Henry, Leniel Borel, contou que dias antes de morrer, Henry começou a dar indícios de que não queria voltar ao convívio de Monique e Jairinho após passar tempo com ele. Durante o depoimento de Leniel, ele e Monique choraram intensamente após o engenheiro relembrar um vídeo que gravou com o filho dois dias antes do crime. Na gravação, Henry cantava uma música católica.

“Ele se agarrava ao travesseiro pra não ir embora com ela. Ela começou a me ligar pra pedir ajuda, porque nos fins de semana, ele não queria voltar pra casa, eu conversei com ele. Eu fui falar pro Henry que a mãe tava lá embaixo e ele se agarrou no travesseiro falando ‘Não, papai, não quero ir’. Quando ele viu a Monique, começou a chorar. A avó, dona Rosangela, conversou, chamou ele pra ir na praia. Ela desceu com ele pra praia, e depois foram embora”, conta. “O dia seguinte foi o primeiro dia de aula do menino. Eu sei que o primeiro dia de aula era difícil para uma criança de quatro anos, e fui pro primeiro dia, ela não me respondeu, cheguei na escola 6h50. Ela chegou umas 7h20, ele estava muito prostrado, acuado, cabisbaixo, eu achei que fosse uma reação à escola”

A situação se repetiu outras vezes e o menino também relatou que o “tio” – Jairinho – o abraçava forte. “No sábado dia 6, eu peguei meu filho na casa do Jairinho, Quando eu peguei ele, ele me disse: papai, eu não quero mais voltar para a casa da minha mãe, não quero. Mas ele não dizia o porquê. Eu liguei pra Monique, ela disse que não tinha nada acontecendo e eu disse: ‘Monique, e se tiver alguma coisa acontecendo?’. Ela disse: ‘Eu mato o Jairo, Leniel!'”.

Leniel se emocionou em especial ao falar dos últimos momentos com o filho.

“Quando eu fui falar com ele que no dia seguinte tinha escola, ele me pediu pra não ir, que por favor não, que no dia seguinte ele iria, e aí eu falei que a gente podia ir pra casa da avó, só que eu já tinha combinado com a Monique. Quando no caminho ele percebeu que estava indo ao encontro da mãe, ele começou a chorar muito e vomitar. Eu falei ‘vai filho, a mamãe é boa’. E ele disse ‘a mamãe não é mamãe boa’. E eu perguntei o que estava acontecendo e ela diz que é uma questão da casa, e pergunta pro Henry se ele quer ajudar a mamãe a achar outra casa. Ele foi, chorando muito. Foi a última vez que vi meu filho”, disse.

Leniel contou também o momento em que viu o filho morto no hospital.

“Eu entrego meu filho bem e chego com meu filho pelado, tentando ser reanimado. Jairo conta que ouviu um barulho, eu perguntei por que ele não fez ressuscitação, já que era médico, e ele disse que no estado que ele estava, era melhor correr para o hospital. Achei muito muito estranho, porque Monique nunca soube primeiros socorros, então porque o Jairo dirigiu em vez de socorrer?”, questionou.

“Pedi a Deus que levasse a minha vida, mas não a do meu filho. Por volta das 5h30, a médica me chamou e disse ‘Pai, seu filho veio a óbito e não tem mais o que fazer’, e eu gritei ‘Volta, Henry, volta’. Mas meu filho não voltou. Depois, as médicas falaram que o menino já chegou lá morto. E ver que eu entreguei meu filho perfeito e ver ele todo marcado, inchado, duro me deixou alerta. Eu fui atrás do laudo do IML, e elas disseram que, inclusive, queriam saber o laudo, porque era tudo muito estranho”, acrescentou.

O pai do menino Henry ainda questionou as versões apresentadas por Monique para a morte.

“Eu já ouvi umas 4 versões da Monique: que eles encontraram o menino, que ele estava meio gelado e que eles foram para o Barra D’or. Imaginei que na polícia ela falaria o que ela sabia, e nem ela, nem a dona Rosangela e Tainá foram honestas. Ainda falavam em acidente. Na terceira versão, é uma carta em que ela pede desculpas por não ter sido melhor mulher pra mim e melhor mãe pro meu filho, ela dá a entrnder que estava coagida pelo Jairo” – disse Leniel – “A quarta versão é dela como um símbolo do Brasil de violência contra a mulher, algo que eu sei que comigo ela nunca viveu. A Monique era bastante forte, malhava muito, era mais fácil a Monique bater no Jairo do que o Jairo na Monique”, acrescentou.

Leniel insinuou algumas vezes que acredita que havia interesse financeiro por parte de Monique na relação com Jairo, o que a pode ter feito permanecer na situação de violência em que seu filho se encontrava.

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Leniel Borel sofreu intimidações

Acho que foram ameaças veladas, disse: “O carro que fui levar meu filho pela última vez apareceu escrito: Filho da puta. Depois, um cara gordinho, de máscara, apareceu na minha casa dizendo que era meu amigo e trabalhava embarcado comigo. Eu nem trabalho mais embarcado. Acho que, sabendo como o Jairo intimida as pessoas, foi uma ameaça do tipo: sei onde você mora”, contou.

Henry contou que foi seguido por um carro de polícia, que o abordou sem justificativa na entrada do seu condomínio.

“Um carro da polícia seguiu o carro em que eu estava, com a sirene desligada, perto do meu condomínio, eu fui fechado por esse carro de polícia na entrada do condomínio e perguntei o que estava acontecendo. Eles disseram que não era nada e que eu podia entrar, foi intimidante”, disse Leniel.

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