Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Tereza de Benguela

Apesar de constituírem 53% da população brasileira, as pessoas negras ainda enfrentam grandes desafios para eliminar desigualdades e discriminações. Com cerca de 97 milhões de indivíduos, esse grupo majoritário continua sub-representado em diversas esferas da sociedade, incluindo o Legislativo, Executivo, Judiciário, mídia, entre outras. Quando o recorte é feito por gênero, o abismo de representatividade se torna ainda mais profundo. A presença de mulheres negras em posições de poder e decisão é particularmente baixa, tornando cada ascensão um motivo de celebração e reconhecimento da luta constante por igualdade.

A Fundação Cultural Palmares (FCP-MinC) destacou que o racismo ainda é uma realidade presente no Brasil. As demandas do movimento negro começaram a ganhar mais espaço na agenda política a partir da década de 2000. A criação do Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010) foi um marco significativo, servindo como base para a implementação de políticas públicas, como as cotas em concursos públicos e universidades, que buscam reduzir e reparar as desigualdades raciais.

Em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, foi criada a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. Nesse encontro, também foi estabelecido o dia 25 de julho como o Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. O feminismo negro tem se destacado como uma voz crucial na luta por direitos e reconhecimento.

No Brasil, a Lei nº 12.987/2014 instituiu o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrado também em 25 de julho. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola do século XVIII, que assumiu a liderança de sua comunidade após a morte de seu companheiro. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, até que em 1770, o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho, resultando na morte ou aprisionamento de seus habitantes.

Assim como Tereza de Benguela, inúmeras outras mulheres negras desempenharam papéis fundamentais na nossa história. Com trabalhos exemplares e perseverança, elas deixaram um legado que merece ser reverenciado. Entre essas mulheres destacam-se Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, Mãe Beata e Zeelândia Cândido, filha do marinheiro João Cândido, entre tantas outras.

A celebração dessas figuras históricas e a visibilização de suas contribuições são fundamentais para a emancipação das mulheres negras no Brasil. Cada vitória, cada espaço conquistado, é uma conquista coletiva que honra a memória e o legado dessas mulheres. A luta por igualdade e justiça continua, e a resistência das mulheres negras é um exemplo poderoso de força e determinação.

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