Inicio esta reflexão com uma pequena comprovação pois, aos olhares desatentos, ambas parecem ser sinônimas. Porém ao pensar sobre o conceito das palavras, podemos entender um golpe sujo no que tange aos direitos trabalhistas. Tendo o mesmo radical, essa mudança de trabalho para trabalhador, mostra um certo protagonismo para a função, sendo o trabalhador coadjuvante neste processo.
Nós, semoventes nascidos nesta pátria mãe gentil, já nascemos com o radical de profissionais. Entenda: Pedreiro, Confeiteiro, Marceneiro e… Brasileiro. Isso mesmo, nossa identidade patriada provém dos trabalhadores que, durante o Brasil colônia, eram extratores de pau-brasil.
Parece um devaneio que estamos tendo, mas ao analisar-mos com cuidado, percebemos que a dominação cultural ao longo da história, inicia-se com a cultura. Diferente de Italiano, francês, chinês ou americano, nós deveríamos ser brasilianos. Sentido de pertencimento e acolhimento à uma nação.
Inclusive o dia 1 de Maio foi escolhido não por acaso por Getúlio Vargas para sanção da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas, a origem do dia primeiro se dá por uma greve histórica promovida em 1886 nos Estados Unidos onde num sábado, trabalhadores foram às ruas das maiores cidades do país para pedir redução da carga horária máxima por dia.
Essa mudança de trabalhador para trabalho, de forma velada, não valoriza o elemento humano, sendo este facilmente esquecido se não for mais produtivo, seja este por qual motivo for. Essa política neoliberal de enfraquecimento dos sindicatos vai de encontro à luta de classes.
A máxima “ninguém é forte sozinho” é um adágio no qual temos consciência, todavia, devido aos novos valores da sociedade pós-moderna, percebemos uma crescente do individualismo primata, provida pelo capitalismo selvagem, como cantaria Sérgio Britto na banda de Rock Titãs pela década de 1990.
Sabemos o quanto a economia foi abalada com a pandemia da Covid-19, quantas empresas “quebraram”, mas muitas outras enriqueceram. Supermercados, por exemplo, não pararam. Nesse dia 1 de Maio, vemos a quantidade que abriram suas portas.
O medo do desemprego e as péssimas condições de vida, são heranças de um país fragilizado que em um passado recente, sofreu por discursos reacionários que acentuaram a diferença de classes.
Este escriba acredita no DIA DO TRABALHADOR. Escrevo em letras garrafais por um simples motivo: É o elemento humano que dá VIDA ao ofício. Mesmo o trabalho automatizado, precisa do ser humano para operar. O trabalho é o ofício digno que todo trabalhador desenvolve.
Claro que o trabalho precisa ser valorizado. É o ofício que garante que os/as trabalhadores(as) levem de forma digna o sustento para suas moradias, porém ele só acontece quando existe ALGUÉM por trás, uma vida que tem sonhos, medos, angústias, vontades e desejos.
Valorize o trabalho, mas exalte primeiramente o trabalhador. Somos mais de 80 países pelo globo que hoje comemoram sua importância para o crescimento da nação com seu trabalho. Feliz dia do Trabalhador para aquele que trabalha, já trabalhou e para quem ainda vai ingressar; por políticas sociais mais justas, comemoramos nosso dia.
Por Wagner J S Paiva ( W.agão, o Paiva) – Professor Substituto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, cientista da religião e neuropsicopedagogo. Escritor, compositor e cronista eventualmente.
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