Familiares e amigos de Gabriel Pereira dos Santos, jovem morto durante uma abordagem policial na Baixada Fluminense, organizarão um ato de protesto nesta quarta-feira, 4 de setembro, em frente ao Ministério Público de Nova Iguaçu. A manifestação é uma resposta à decisão judicial que permitiu a soltura do policial militar Alan Mendes Rocha, acusado de disparar contra Gabriel.
O PM Allan Mendes Rocha foi inicialmente preso em flagrante e teve sua prisão convertida em preventiva, mas, na última semana, o Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro solicitou a revogação dessa medida, alegando que o policial não representava risco iminente à sociedade. A decisão gerou indignação e medo entre os familiares e amigos de Gabriel.
Desde o anúncio da soltura, muitos desses familiares e amigos têm relatado situações preocupantes. Apesar de não terem ocorrido ações diretas contra eles, várias pessoas próximas à família de Gabriel relataram a presença de policiais militares nas proximidades de suas casas e locais de trabalho. Um amigo de Gabriel, que preferiu não ser identificado, contou que foi seguido por vários metros por uma viatura enquanto caminhava no centro de Tinguá. Esse ambiente de intimidação tem levado muitos a mudarem suas rotinas e evitarem certos locais por medo de represálias.
“Estamos com medo, sim. A soltura do policial que cometeu um ato tão violento é preocupante. Desde que soubemos dessa decisão, nossas vidas mudaram. Temos que pensar duas vezes antes de sair de casa e estamos evitando passar por lugares que faziam parte da nossa rotina”, declarou um dos familiares de Gabriel, que também preferiu não se identificar por medo de retaliações.
Rosimar, pai de Gabriel, expressou sua revolta e preocupação, afirmando que a família está devastada com a decisão de liberar o policial e que continuarão a lutar por justiça. “Perdi meu filho e agora esse policial está solto, como se nada tivesse acontecido. Queremos justiça para o Gabriel e proteção para nossa família”, desabafou.
Apoio dos movimentos sociais
A OSC ComCausa,por meio do programa ACOLHER, se dedica a oferecer suporte essencial às famílias que enfrentam a dolorosa realidade da violência. O programa não se limita a palavras de consolo; a equipe da ComCausa acompanha de perto cada etapa do processo, assegurando que a família não esteja sozinha nesse momento difícil. Além disso, a organização trabalha na articulação com outros movimentos sociais, a mídia e as autoridades para garantir que a voz da família seja ouvida, a verdade revelada e a justiça seja alcançada.
A ComCausa tem acompanhado o caso desde o início e estará presente no ato de protesto, reafirmando seu compromisso em apoiar a família e cobrar ações efetivas das autoridades competentes. A organização se compromete a monitorar de perto qualquer situação que coloque em risco a segurança dos familiares e amigos de Gabriel. “Não podemos permitir que, além da dor da perda, essas pessoas vivam com medo. Continuaremos lutando por justiça e segurança”, declarou a ComCausa em nota.
O protesto tem como objetivo exigir que o caso seja tratado com seriedade e transparência, garantindo que a segurança dos familiares de Gabriel seja assegurada pelas autoridades. A mobilização também busca sensibilizar a sociedade civil sobre a gravidade da situação e a urgente necessidade de mudanças nas práticas policiais na região.
O ato será realizado a partir das 14 horas, em frente ao prédio do Ministério Público de Nova Iguaçu, e os organizadores convidam todos que desejam manifestar seu apoio à causa a participarem da mobilização.
Ato por Justiça para Gabriel Santos
Data: Quarta-feira, 4 de setembro de 2024 | Horário: 14h
Local: Em frente ao Ministério Público de Nova Iguaçu – Av. Dr. Mario Guimarães 1050 – Centro, Nova Iguaçu, Nova Iguaçu
Organização: Familiares de Gabriel Santos.
Veja mais:
https://twitter.com/ComcausaDh/status/1827074635818525108
Caso Gabriel Santos: PM que matou jovem em abordagem é preso e terá prisão preventiva
Segundo relato de Rosimar, pai de Gabriel, à ComCausa, o jovem havia saído de casa para levar sua noiva ao trabalho e, no caminho de volta, decidiu empinar a moto enquanto trafegava pela estrada federal. Nesse momento, o sargento da Polícia Militar Allan Medeiros Rocha, que estava em uma barraca de pastel e caldo de cana junto com outro colega, avistou Gabriel e imediatamente se dirigiu a ele com a arma em punho, ordenando que parasse.
De acordo com o pai, Gabriel estava utilizando fones de ouvido e, por isso, não ouviu as ordens do policial. Quando finalmente percebeu que estava sendo abordado, já era tarde demais: o sargento disparou sua arma, e o tiro atingiu Gabriel no pescoço. Rosimar descarta a possibilidade de Gabriel ter jogado a moto contra o policial, como alguns relatos sugerem, enfatizando que o disparo foi feito em um ângulo que indica que o jovem não estava oferecendo resistência ou ameaça. Gabriel caiu cerca de 20 metros do local onde foi atingido.
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A ComCausa esteve presente no ato e conversou com os familiares, especialmente com o pai de Gabriel e sua mãe, Dona Sônia, que estavam visivelmente abalados e em busca de respostas sobre a morte do filho. “Nós só queremos justiça para o Gabriel. Ele era um menino bom, não merecia isso”, desabafou Dona Sônia, mãe de Gabriel, emocionada.
O ato foi marcado por momentos de forte comoção, com palavras de ordem e pedidos de justiça sendo entoados pelos presentes. A família de Gabriel, apoiada por amigos e simpatizantes, espera que a mobilização popular e o acompanhamento de organizações de direitos humanos possam contribuir para que o caso seja investigado de forma justa e transparente, garantindo que a verdade prevaleça e que a morte de Gabriel não seja em vão.
Relembre o caso:
https://portalc3.net/nova-iguacu-vive-tensao-com-morte-de-motociclista/