Kathlen Romeu baleada no Lins estava grávida de 14 semanas

A designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, foi morta na terça-feira (8) durante uma ação da Polícia Militar no Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Kathlen estava grávida de 14 semanas e havia se mudado da região no fim de abril por temer a violência crescente no local. Ela foi atingida por um tiro de fuzil no tórax enquanto caminhava pela rua com sua avó, na comunidade. A jovem foi levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O corpo foi enterrado sob grande comoção no Cemitério do Catumbi, no dia seguinte, quarta-feira (9).

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Kathlen foi baleada com um tiro de fuzil, que causou hemorragia interna e resultou em sua morte. A Polícia Militar, por sua vez, negou que estivesse realizando uma operação no Lins e alegou que seus agentes foram atacados por criminosos, o que gerou uma troca de tiros. No entanto, a versão da família de Kathlen é completamente diferente. Os parentes afirmam que não houve confronto e que os disparos partiram dos policiais. A mãe de Kathlen, emocionada, declarou que se a filha tivesse sido morta por criminosos, ela não se manifestaria, mas reafirmou que foi a polícia quem matou sua filha.

O pai de Kathlen também fez um desabafo, destacando a indignação e o cansaço do povo pobre com o constante abuso policial. Ele ressaltou que a situação só havia mudado de “personagem” e exigiu justiça para sua filha. Em dezembro de 2021, seis meses após o crime, o Ministério Público estadual denunciou cinco policiais militares por supostamente alterarem a cena do crime, tentando esconder a verdadeira responsabilidade pelo ocorrido. Esse movimento gerou ainda mais pressão sobre as autoridades para que fossem tomadas providências.

A jovem estava grávida de quatro meses e já havia compartilhado nas redes sociais a expectativa pelo nascimento de seu filho, que se chamaria Maya ou Zyon. O namorado de Kathlen, o tatuador e designer gráfico Marcelo Ramos, expressou sua dor nas redes sociais, prestando uma homenagem à mãe de seu filho. Ele também se uniu aos familiares e movimentos sociais na busca por justiça. A morte de Kathlen é mais um capítulo trágico na crescente violência policial nas favelas do Rio de Janeiro, especialmente em uma época em que as operações policiais têm causado a morte de muitos civis, gerando um debate cada vez mais urgente sobre a segurança pública e os direitos humanos no Brasil.

Kathlen Romeu, de 24 anos: tiro de fuzil tirou a sua vida e do bebê que esperava — Foto: Reprodução/Redes sociais