Antônio Conselheiro morreu em Canudos, Bahia, no dia 22 de setembro de 1897., líder do movimento religioso que reuniu milhares de seguidores no arraial de Canudos. Esteve à frente da resistência na “Guerra de Canudos” que ocorreu na Bahia entre 1896 e 1897 e registrada no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha.
No dia 13 de março de 1830. Ficou órfão de mãe aos seis anos de idade. Estudou e gostava de ler. Foi caixeiro viajante e andou por várias cidades do Nordeste. Com 27 anos perdeu o pai e sem aptidão assumiu o armazém da família, por pouco tempo.
Tendo que sustentar suas quatro irmãs, ele começou a dar aulas numa fazenda da região e também trabalhava em um cartório, onde exercia diversas funções.
Abandonado pela mulher, bem mais jovem que ele, entregou-se à vida errante fazendo pregações e dando conselhos, daí o seu apelido.
Percorreu várias cidades do Sertão do Nordeste. Esteve nos estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia, onde fez fama de milagreiro. Demonstrava grande entendimento religioso e conquistou uma multidão de fanáticos que afirmavam que Antônio Conselheiro era um profeta enviado de Deus.
Em 1874, Antônio Conselheiro e seus seguidores se instalaram no sertão da Bahia, perto da vila de Itapicuru de Cima, onde fundaram a primeira “cidade santa” o “Arraial do Bom Jesus”.
Incomodado, o Bispo da região distribuiu circular proibindo os fiéis de assistirem as pregações, que eram vistas como subversivas. Em 1887, o presidente da província tentou internar o Conselheiro num hospício de alienados no Rio de Janeiro, mas não conseguiu vaga.
Em 1893, quando o governo central autorizou os municípios a efetuarem a cobrança de impostos no interior, Antônio Conselheiro se colocou contra essa decisão e mandou que a população queimasse os editais.
A fazenda de Canudos
O grupo com aproximadamente duzentos fiéis foi perseguido pela polícia, que foi derrotada. A perseguição continuou e finalmente o grupo se instalou em uma fazenda abandonada, às margens do rio Vaza-Barris, no norte da Bahia, conhecida como “Canudos”.
A população do povoado de “Belo Monte” chegou a milhares de habitantes, que recuperaram a região, criavam animais e plantavam para o consumo. O misticismo religioso era outra saída para a miséria.
Guerra de Canudos
Canudos prosperou de forma incômoda para a polícia, para a igreja que perdia seus fiéis e para os grandes proprietários de terra e coronéis que viviam da exploração do trabalho daqueles homens.
Padre e coronéis pressionavam o governo do estado da Bahia que continuou a perseguição e realizou diversas investidas. O primeiro ataque se deu em 1896, por iniciativa do governo da Bahia, o segundo se deu em 1897, comandado pelo Major Febrônio de Brito, e o terceiro, nesse mesmo ano, comandado pelo Coronel Antônio Moreira, todos sem sucesso.
As sucessivas derrotas militares se explicam pelo fato de que a maioria dos soldados não conheciam a região das caatingas, tão familiar ao povo de Canudos. Além disso os homens de Conselheiro lutavam pela sobrevivência e pela salvação da alma, acreditando que aquela era uma “guerra santa” e que o reino dos céus era a compensação para os que nela morressem.
O presidente Prudente de Morais ordenou ao ministro da Guerra, marechal Bittencourt, que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle das operações. A quarta e maior expedição, comandada pelo General Arthur de Andrade Guimarães, que contava com 4 mil soldados, finalmente derrotou o povo de Canudos. Durante o ataque, milhares de pessoas foram assassinadas.
O Conselheiro foi preso e decapitado. No dia 05 de outubro de 1897, o arraial que contava com 5.200 casebres, foi completamente destruído e incendiado.
A tragédia da Guerra de Canudos foi acompanhada por Euclides da Cunha, então correspondente do jornal O Estado de São Paulo, e registrada em seu livro “Os Sertões”, publicado em 1902.
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