Marcelo Rubens Paiva traz à tona memórias e traumas da ditadura militar com o lançamento do filme ‘Ainda Estou Aqui’, que segue em cartaz nos cinemas, atraindo grande público desde sua estreia. Em seu fim de semana de lançamento, o filme atraiu mais de 358 mil espectadores e arrecadou R$ 8,6 milhões. Dirigido por Walter Salles e baseado no livro homônimo de Paiva, lançado em 2015, o filme revive a história de sua mãe, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, e de seu pai, Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello. Com isso, Paiva busca envolver as novas gerações no legado de luta de sua família e refletir sobre os horrores do regime militar brasileiro.
O livro ‘Ainda Estou Aqui’ mescla memórias pessoais com o contexto sombrio da ditadura, retratando a trajetória de Eunice após o desaparecimento de Rubens Paiva e seus esforços para criar cinco filhos enquanto enfrentava a batalha contra o Alzheimer. A obra encontra eco entre jovens preocupados com o passado e o futuro do país, reacendendo a busca por justiça e memória histórica. O filme, que ainda está em cartaz, também catapultou o livro de volta aos holofotes, ganhando popularidade entre leitores com menos de 20 anos, que veem a obra como um testemunho relevante para o Brasil de hoje.
“Bolsonaro cuspiu no busto do meu pai e espalhou mentiras sobre ele, acusando-o de envolvimento na luta armada”, desabafa Marcelo Rubens Paiva, que anuncia a continuação de sua história.
Com o sucesso da adaptação cinematográfica e a receptividade da obra entre o público jovem, Marcelo reafirma a importância de preservar a memória como resistência. Ainda Estou Aqui é, segundo ele, um grito contra a impunidade e uma lição para as gerações que lutam por liberdade e justiça. O escritor planeja lançar uma continuação do livro em 2024, incluindo relatos sobre as crises políticas recentes e as ofensas ao legado de sua família. “Bolsonaro cuspiu no busto do meu pai e mentiu sobre sua participação na luta armada”, reiterou Marcelo em entrevista, revelando um episódio de desrespeito que considera doloroso para a memória de Rubens Paiva.
O legado de Eunice Paiva
Eunice Paiva foi uma das vozes mais influentes contra os abusos do regime militar. Lutou pela promulgação da Lei 9.140/95, que reconheceu oficialmente a morte de desaparecidos políticos, permitindo a emissão do atestado de óbito de Rubens Paiva em 1996, 26 anos após seu desaparecimento. Além disso, Eunice teve um papel fundamental na defesa dos direitos dos povos indígenas, sendo cofundadora do Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (Iama) em 1987 e participando ativamente de debates e congressos para proteger a dignidade indígena.
Ao lado de figuras históricas como Zuzu Angel, Crimeia de Almeida e Inês Etienne Romeu, Eunice Paiva permanece como um símbolo de resistência. Marcelo Rubens Paiva e sua obra tornam-se essenciais para que a sociedade brasileira, especialmente os jovens, mantenham viva a história, compreendam os horrores do passado e reconheçam a importância de lutar por um futuro onde a liberdade e a justiça prevaleçam.
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