No último domingo, 2 de fevereiro, a Caminhada pela Justiça mobilizou centenas de pessoas entre a Praça de Heliópolis e Areia Branca, em Belford Roxo, para homenagear Larissa dos Santos e Ilines Almeida, vítimas recentes de feminicídio, e reforçar a luta contra a violência de gênero.
Organizado pelos familiares e amigos das vítimas, o ato simbolizou um protesto contra a impunidade e um chamado por justiça para todas as mulheres que tiveram suas vidas brutalmente interrompidas. Marcado pelo luto e pela indignação, o evento também reforçou a necessidade de políticas públicas mais eficazes no combate à violência contra a mulher e a aplicação rigorosa da lei contra agressores. Os participantes foram convidados a vestir preto, simbolizando o pesar e a resistência diante do alarmante aumento dos casos de feminicídio na Baixada Fluminense.
Feminicídio: uma realidade alarmante na Baixada
A Baixada Fluminense tem sido um dos epicentros da violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra, em média, quatro assassinatos de mulheres por dia motivados por questões de gênero. Além disso, uma mulher sofre violência doméstica a cada quatro minutos no país.
Na Baixada, a situação se agrava pela falta de segurança e pelo domínio de grupos criminosos que controlam diversas áreas. De acordo com um levantamento da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), 24% dos 110 feminicídios registrados no estado do Rio de Janeiro em 2022 ocorreram na região, representando um aumento de 67% em relação ao ano anterior. Os municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu concentram os maiores índices de feminicídio.
O alerta dos organizadores
“A Baixada Fluminense não pode continuar refém da violência. Precisamos de mais políticas públicas, investimento em segurança e mecanismos de proteção real para as vítimas”, destacaram os organizadores do evento.
Segundo Adriano Dias, da ComCausa, instituição que acompanha casos de violência na região, a maioria das vítimas são mulheres negras e periféricas, que enfrentam obstáculos para acessar redes de apoio e denunciar seus agressores. “Muitas vezes, os casos de feminicídio são precedidos por agressões e ameaças, mostrando que o problema poderia ser evitado com mecanismos de proteção mais eficazes”, afirmou Adriano.
Mobilização popular e compromisso social
A manifestação também contou com o apoio de movimentos locais, como @pracadeheliopolisoficial, @caioabatrocaideia e @folhadebel, que ajudaram a amplificar a mensagem da passeata. O ato reafirmou que a luta contra o feminicídio não pode se limitar a discursos, mas exige ações concretas e urgentes por parte do poder público e da sociedade.
A caminhada de Heliópolis até Areia Branca demonstrou a força da mobilização popular e a necessidade de manter viva a memória das vítimas. Para enfrentar essa crise, é essencial que haja investimentos em segurança, educação e acolhimento às mulheres em situação de risco.
A luta continua, e a mobilização social é essencial para garantir que nenhuma mulher seja esquecida.
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