No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostram uma realidade devastadora: em 2023, pelo menos 85 mil mulheres foram assassinadas intencionalmente em 107 países. Isso equivale a uma média de 140 mortes por dia, ou uma a cada 10 minutos.
A maior parte desses feminicídios foi cometida por parceiros íntimos ou membros da família, reforçando o dado alarmante de que 60% dessas mortes ocorreram dentro de casa, transformando o lar no espaço mais perigoso para muitas mulheres.
Violência dentro de casa: um problema global
O relatório, elaborado pela ONU Mulheres e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), destaca que essas mortes, classificadas como evitáveis, atingiram “um nível alarmante”. O documento descreve o feminicídio como um fenômeno mundial que “atravessa fronteiras e afeta todas as classes sociais e faixas etárias”.
Em termos regionais, os dados revelam uma preocupante disparidade:
- A África lidera os índices de feminicídios cometidos por parceiros íntimos e familiares.
- As Américas aparecem em segundo lugar, seguidas pela Oceania.
- Na Europa, 64% dos feminicídios registrados em 2023 foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros.
Além disso, o relatório mostra que muitas das mulheres assassinadas haviam relatado anteriormente sofrer violência física, sexual ou psicológica, mas não receberam a proteção necessária.
A origem da data: um tributo a Las Mariposas
O dia 25 de novembro foi escolhido como marco global em homenagem às irmãs Mirabal — Pátria, Teresa e Minerva —, conhecidas como “Las Mariposas”. Ativistas políticas que lutavam contra a ditadura de Rafael Leônidas Trujillo na República Dominicana, as três foram brutalmente assassinadas em 1960. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício, com sinais de tortura que incluíam ossos quebrados e estrangulamento.
A data foi oficialmente reconhecida pela ONU em 1999, mas sua escolha foi proposta pela primeira vez no Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em 1981, em Bogotá, na Colômbia. A história das irmãs Mirabal se tornou um símbolo de resistência e luta pela liberdade, além de inspirar movimentos feministas em todo o mundo.
A necessidade de ações concretas
Sima Bahous, diretora-executiva da ONU Mulheres, enfatiza que “a violência contra mulheres e meninas não é inevitável”, destacando que é essencial:
- Fortalecer legislações para proteger as mulheres.
- Coletar dados precisos para a formulação de políticas públicas eficazes.
- Promover uma cultura de tolerância zero à violência.
- Ampliar o financiamento a organizações que defendem os direitos das mulheres.
Ghada Waly, diretora do UNODC, complementa a necessidade de garantir mecanismos de denúncia seguros e acessíveis, além de desafiar normas culturais que perpetuam o desequilíbrio de poder e os preconceitos de gênero.
Brasil: uma luta constante
No Brasil, a violência de gênero é uma realidade persistente. Apesar de avanços como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, os números continuam alarmantes. O país ainda enfrenta desafios na proteção das mulheres e no combate à impunidade. Movimentos feministas e campanhas, como os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, buscam conscientizar a sociedade e pressionar o governo por mudanças efetivas.
Um compromisso global
O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher não é apenas uma data para refletir, mas um chamado à ação. Ao homenagear as irmãs Mirabal e todas as mulheres vítimas de violência, a sociedade é convocada a se mobilizar por políticas públicas eficazes, por uma cultura de respeito e igualdade e, acima de tudo, por um mundo onde mulheres e meninas possam viver livres do medo e da violência.
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