O terrorismo à brasileira tem a religião evangélica como sua representante

Peixão Complexo de Israel

Antes de qualquer coisa, é importante deixar claro que sei que nem todos os evangélicos são extremistas ou terroristas, assim como nem todos os islâmicos o são. No entanto, os islâmicos costumam ser lembrados como terroristas, e essa mesma visão tem sido aplicada ao atual movimento evangélico que deu vida a Peixão e ao Complexo de Israel.

No Brasil, a religião evangélica se espalhou pelas favelas e bairros periféricos, sobretudo no Rio de Janeiro. Gerações cresceram sendo evangélicas, influenciadas por um discurso libertador focado na ação do Espírito Santo. Porém, essa mensagem original foi se distorcendo à medida que a Teologia da Prosperidade ganhou espaço, corrompendo a fé com a ganância. Em nome dessa prosperidade, pastores como Silas Malafaia mudaram seus discursos e se afundaram em uma política de extrema-direita perversa. Outros surgiram como figuras quase divinas, como RR Soares e o bispo Edir Macedo.

Se na Igreja Católica os padres se vestiam como homens de poder, copiando reis e príncipes, hoje esses pastores adotam vestimentas que representam autoridade: ternos caros, gravatas de grife, relógios luxuosos e carros de alto padrão, espelhando aqueles que ocupam o centro do poder no mundo – os presidentes e seus representantes. O problema é que o gosto pelo poder tem consequências, entre elas a busca por ele a qualquer custo. É nesse cenário que surge Peixão, apontado pelas autoridades como um dos traficantes mais perigosos e procurados do Rio de Janeiro. Ele se autodenomina Aarão, em referência ao personagem bíblico, e utiliza a Estrela de Davi para marcar os territórios sob seu controle. Relatos apontam que Peixão impõe restrições religiosas nas comunidades que domina, proibindo cultos de matriz africana e festas das igrejas católicas e permitindo apenas manifestações ligadas a correntes evangélicas.

Peixão é a materialização do terrorismo evangélico pregado por esses pastores que elegeram a extrema-direita e buscam o poder a qualquer custo. Esse movimento começou com ações grotescas, como quebrar imagens de Nossa Senhora Aparecida em rede nacional, atacar terreiros de religiões de matriz africana e disseminar discursos de ódio contra pessoas LGBTQIA+, baseando-se em um modelo de família que consideram o único correto. Além disso, lucram com a fé alheia, cobrando dízimos em troca de supostos milagres e transformando templos religiosos em verdadeiros negócios.

Peixão colocou esse discurso em prática: fechou terreiros, extorquiu fiéis, proibiu festas católicas e abriu igrejas evangélicas dentro de sua área de domínio. Além disso, continua a roubar, matar e impor sua própria visão religiosa, criando o que chama de “Estado de Israel” e assumindo a identidade de Aarão. O verdadeiro Aarão, irmão mais velho de Moisés e primeiro sumo sacerdote de Israel, foi um líder espiritual e desempenhou um papel central na libertação do povo hebreu do Egito. No entanto, também ficou marcado por ter cedido à pressão do povo e permitido a criação do bezerro de ouro, episódio que resultou na ira de Moisés e em uma dura punição divina.

Assim como na história bíblica, Peixão acredita estar cumprindo uma missão dada por Deus, e está disposto a morrer para que seu legado de sangue permaneça. Ele vê a si mesmo como um sacerdote que dará continuidade ao que considera ser o “povo de Deus”.

Nada é mais perigoso do que um homem que tem a Bíblia em uma mão e a arma na outra.

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