Publicação mapeia espaços marcados pela repressão e pela resistência durante a ditadura militar

Casa da Morte

Foi lançada esta semana a publicação “Lugares de Memória da Ditadura Militar”, que apresenta o inédito mapeamento de espaços históricos relacionados à repressão e à resistência durante o regime militar no Brasil (1964-1985). A iniciativa, conduzida pelo projeto “Lugares pela Memória”, da Assessoria de Defesa da Democracia, Memória e Verdade (ADMV), do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), faz parte da seção “Memória e Verdade” do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH).

O levantamento documenta 49 lugares distribuídos por todo o território nacional – incluindo quartéis, prisões, universidades, hospitais, cemitérios e até parques – que foram palco de violações de direitos humanos ou centros de resistência política. A proposta é preservar a memória dessas experiências traumáticas e inspiradoras, contribuindo para o fortalecimento da democracia e a educação das futuras gerações.

Repressão e resistência mapeadas por todo o país

O mapeamento abrange todas as regiões do Brasil: são 17 locais no Sudeste, 15 no Nordeste, sete no Sul, seis no Norte e quatro no Centro-Oeste. O estado de São Paulo concentra o maior número de espaços identificados (sete), seguido por Pernambuco (seis) e Rio de Janeiro (cinco).

No Sudeste, o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS), em São Paulo, é emblemático. Centro nevrálgico da repressão durante a ditadura, o edifício foi convertido no Memorial da Resistência, importante ponto de preservação da memória e da luta por justiça. Já no Rio de Janeiro, a Casa da Morte, em Petrópolis – um centro clandestino de tortura –, passa por um processo de transformação em memorial desde 2024, impulsionado pelas denúncias da única sobrevivente conhecida, Inês Etienne Romeu.

O Nordeste reúne importantes registros da repressão, como a sede do DOPS no Recife (PE), onde militantes e estudantes foram perseguidos e torturados. No Sul, o Rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR), é citado em relatos de desaparecimentos forçados ligados à Operação Condor – aliança repressiva entre ditaduras sul-americanas.

No Norte, a histórica Casa Azul, em Marabá (PA), ligada à Guerrilha do Araguaia, tornou-se um símbolo da resistência camponesa. Já no Centro-Oeste, o Pelotão de Investigações Criminais (PIC), em Brasília, e o Hospital Colônia Adauto Botelho, em Goiânia, revelam os tentáculos da repressão também sobre populações vulneráveis, como doentes mentais e opositores políticos.

Ferramenta interativa a serviço da memória

Com linguagem acessível e imagens históricas, o material conta com um mapa interativo disponível na plataforma do ObservaDH, permitindo que qualquer cidadão explore esses lugares e compreenda seu significado histórico. A ferramenta busca promover uma educação para os direitos humanos ancorada na história recente do país.

Ao iluminar os caminhos da resistência e da repressão, o mapeamento não apenas resgata a história, mas também aponta para um futuro onde a democracia seja constantemente protegida e fortalecida.

Imagem de capa: Casa da Morte de Petrópolis.

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