O desaparecimento dos garotos Alexandre da Silva (10 anos), Lucas Matheus da Silva (8 anos) e Fernando Henrique Soares (11 anos), ocorrido em 27 de dezembro de 2020, no bairro Castelar, em Belford Roxo, continua sendo um dos casos mais chocantes e emblemáticos de violência na Baixada Fluminense. As crianças desapareceram após saírem de casa para brincar e nunca mais foram vistas.
Em março de 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro revelou imagens de câmeras de segurança que mostravam os meninos passando pela Rua Malopia, no bairro Areia Branca, cerca de três quilômetros de distância do local onde foram vistos pela última vez. Essa foi a principal pista usada pela polícia no início das investigações.
Segundo a Secretaria de Polícia Civil, mais de 80 diligências foram realizadas desde o início do caso, e todas as imagens coletadas durante as apurações foram compartilhadas com as famílias.
Conclusão das investigações
As investigações, conduzidas inicialmente pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), apontaram que os meninos foram vítimas de uma série de atos brutais realizados por traficantes do Complexo do Castelar. De acordo com o relatório policial:
- Os garotos foram acusados de furtar uma gaiola de passarinhos pertencente a um parente de um dos traficantes.
- Foram submetidos a tortura, na qual um dos meninos não resistiu e morreu. Os outros dois foram executados em seguida.
- Os corpos foram descartados em um rio da região, dificultando sua recuperação até hoje.
Consequências no mundo do crime
O caso gerou grande repercussão, o que provocou reações violentas dentro do próprio tráfico. Três suspeitos de envolvimento no crime foram mortos por traficantes do Castelar como forma de represália:
- José Carlos dos Prazeres Silva, conhecido como Piranha, um dos chefes do tráfico local.
- Willer Castro da Silva, o Stala, gerente do tráfico na comunidade.
- Ana Paula da Rosa Costa, apelidada de Tia Paula, suspeita de participação na logística do tráfico.
Além disso, dois outros suspeitos desapareceram, possivelmente também assassinados.
Prisões relacionadas ao caso
Em 2023, a Polícia Militar realizou uma grande operação no Morro do Castelar e prendeu Jonathan dos Santos de Paula, de 26 anos, identificado como suspeito de envolvimento no desaparecimento e morte dos meninos. Na ação, a PM apreendeu:
- 340 invólucros de maconha;
- 230 pinos de cocaína;
- 130 sacolés contendo pedras de crack;
- Um rádio comunicador.
Jonathan tinha três mandados de prisão em aberto pelos crimes de tortura, lesão corporal e associação ao tráfico. Segundo a polícia, ele e outros criminosos torturaram um homem para desviar as investigações sobre a autoria do crime.
Impunidade e dor das famílias
Apesar das prisões e das conclusões da polícia, os corpos de Alexandre, Lucas e Fernando nunca foram encontrados. O caso gerou revolta entre moradores e familiares, que clamam por justiça e respostas concretas.
O desaparecimento dos meninos de Belford Roxo é um símbolo da violência que afeta comunidades vulneráveis, onde o poder paralelo dos traficantes desafia as instituições e perpetua a impunidade.
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