No julgamento dos acusados pelo assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, nesta quarta-feira (30), Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, compartilhou o impacto devastador da perda do marido, lembrando os desafios do luto com um filho pequeno e portador de uma condição especial. “Sempre vai ter alguma coisa que vai ser a primeira vez sem o Anderson”, desabafou Ágatha, emocionando o tribunal ao expor a profundidade da ausência que vive desde o dia do crime.
Ágatha começou seu depoimento lembrando o caráter afetuoso e dedicado do marido, com quem compartilhou o sonho de construir uma família. “O Anderson sempre quis ser pai, e quando começamos a namorar, ele já falava sobre isso. Ele adorava as crianças da família”, recordou, acrescentando que, juntos, enfrentaram o desafio de criar Arthur, o filho de ambos, que nasceu com necessidades especiais. O menino, que tinha apenas um ano de idade quando o pai foi assassinado, já passou por sete cirurgias, exigindo força e resiliência de Ágatha.
Em seu testemunho, ela destacou o quanto o filho sente a ausência do pai, especialmente em momentos marcantes do seu desenvolvimento. “A primeira vez que ele andou, falou ‘mamãe’, foi para a escola ou teve um amigo… sempre falta o Anderson. É algo que nunca vai passar.”
Sonhos interrompidos
Na noite do crime, Anderson estava em um passo importante para realizar um sonho: ele participava da última etapa de um processo seletivo para mecânico de aeronaves. “Era o sonho da vida dele. O pai dele também era mecânico”, contou Ágatha, que relembrou a mensagem de áudio que ele enviou pouco antes de morrer, descrevendo seu cansaço e a intenção de voltar para casa logo após a palestra de Marielle. Na mensagem, Anderson também mencionava que Arthur teria um exame no dia seguinte.
Durante o julgamento, a promotoria apresentou uma gravação em vídeo em que Ágatha revela a gravidez ao marido, um momento que deixou o tribunal em silêncio. “Ele teve uma doença que o fez acreditar que não poderia ser pai, e quando fizemos exames, ele ainda achava que era impossível. Foi uma alegria que não dá para descrever”, relembrou ela com saudade.
Enfrentando o luto
Ágatha revelou como tentou lidar com a dor: “Achei que ia passar rápido, mas não passa. Sempre existe uma nova primeira vez sem ele.” Ela também mencionou que, além de ter enfrentado o luto precoce, teve que apoiar o filho em um exame genético que dependia do material de Anderson, impossibilitado após o crime. Em meio às dificuldades, seu foco sempre foi em manter a família, mesmo que agora incompleta. “O Arthur perdeu a pessoa que fazia o mundo parecer melhor”, desabafou.
Questionada sobre o que espera do julgamento, Ágatha foi firme: “Eu espero que as pessoas que tiraram o Anderson de mim e do Arthur paguem pelo que fizeram.”
Este emocionante depoimento reafirma o impacto devastador do assassinato de Anderson e Marielle, além de colocar em foco o sofrimento contínuo das famílias que buscam justiça.
Foto: Tomaz Silva Agência Brasil
Assista o julgamento ao vivo:
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