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A vida é bela para quem passa pela alienação parental

Há alguns anos, um filme amplamente aclamado chamado “A Vida é Bela” nos presenteou com uma história profundamente emocionante. Este filme, ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, narrou a jornada de um pai corajoso que, em meio ao horror e à crueldade de um campo de concentração nazista, construiu um mundo imaginário para proteger seu filho dos terrores circundantes. Transformando ameaças em brincadeiras, pai e filho enfrentaram desafios em busca de um prêmio, que, na trama, era um tanque de guerra.

No enredo, o pai buscava manter o terror, os indivíduos covardes e de caráter distorcido, invisíveis aos olhos de seu filho. Infelizmente, muitos familiares seguem o exemplo do personagem de Roberto Benigni e optam por ignorar a existência dos monstros e do terror.

Nesta triste realidade, vemos manipuladores que frequentemente são os próprios pais ou mães, contando com a colaboração de cúmplices como padrastos, madrastas, avós, avôs e até colegas de trabalho. Juntos, eles encenam um verdadeiro espetáculo de comportamentos grotescos e palhaçadas cruéis. Seu objetivo é prejudicar e romper os laços afetivos entre as crianças e seus pais, exercendo poder e causando dor, usando seu próprio filho ou filha como peão. Para alcançar esse intento, não hesitam em transformar a vida de nossas crianças em um verdadeiro “trem fantasma” repleto de sustos.

Esses atos prejudiciais são perpetrados por aqueles que se utilizam da alienação parental, e essas cenas tristes são frequentemente caracterizadas pela chamada cultura da “tirania do guardião”, que por vezes é sustentada por concepções jurídicas antiquadas. Tais concepções inflexíveis tratam as crianças como meros objetos, como se fossem propriedades temporariamente emprestadas. Qualquer situação que não esteja de acordo com os desejos do “dono” resulta em penalidades severas.

Gritos, gestos, ameaças e a imposição de regras criam uma montanha-russa de situações assustadoras para as crianças. Em face disso, frequentemente somos compelidos a recorrer à nossa imaginação e resiliência para proteger o que é mais valioso no mundo: nossos filhos.

Mesmo nesse labirinto aterrorizante de comportamentos estranhos, uma vez que a alienação parental raramente é praticada por uma única pessoa, dizemos às crianças que o “monstro” que tenta afastá-las do outro genitor está com saudade. Afirmamos que a figura distorcida que protagoniza essas tristes encenações o faz por amor, não por crueldade. No final, tentamos convencê-las de que, no coração vazio do alienador, elas ocupam um lugar especial.

Com frequência, é quase impossível esconder o comportamento doentio daqueles que participam do prazer que o alienador encontra em constranger e manipular os filhos, sem qualquer escrúpulo. No entanto, permanecemos firmes, transformando nossa frustração em uma luta incansável.

Nossa resiliência é sustentada pelo amor incondicional que temos por nossos filhos, e buscamos fortalecer os laços familiares, promover o respeito mútuo e criar um ambiente saudável para seu crescimento e desenvolvimento. Acreditamos que, com persistência e dedicação, podemos superar esse circo de horrores e proporcionar às nossas crianças um futuro brilhante, onde o amor e a harmonia prevaleçam.

Mesmo que, no final, assim como no filme “A Vida é Bela”, o pai tenha perecido, teremos a certeza de ter contribuído para construir uma história melhor para nossos filhos, libertando-os dos sofrimentos que os privam de uma vida repleta de glória, prêmios e um final feliz.

| Artigo originalmente publicado no Jornal de Hoje de 06 de novembro de 2017 | Revisão feita em 2023.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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