Hoje, 8 de março de 2025, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, uma data que simboliza a luta por igualdade, respeito e reconhecimento. Contudo, enquanto o mundo presta homenagem às conquistas femininas, uma preocupação alarmante emerge no Brasil: o aumento significativo dos casos de feminicídio e a crescente onda de misoginia que ameaça o progresso alcançado.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2023, o Brasil registrou 1.463 casos de feminicídio, o maior número desde a tipificação do crime em 2015. Isso representa uma média de uma mulher assassinada a cada seis horas, um aumento de 1,6% em relação a 2022, quando foram registrados 1.440 casos. Desde a promulgação da Lei 13.104/2015, que qualifica o feminicídio como crime hediondo, o país já acumula pelo menos 10.655 vítimas até 2023, evidenciando um crescimento contínuo da violência de gênero. Em 2024, informações preliminares do Ministério da Justiça e Segurança Pública indicam uma redução de 5,1% até outubro, com 1.128 casos registrados, mas o número ainda é alarmante e reflete a gravidade do problema.
No primeiro semestre de 2023, o FBSP apontou 722 feminicídios, um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período de 2022 (704 casos), consolidando uma tendência de alta de 14,4% desde 2019. São Paulo, estado com o maior número absoluto, saltou de 195 casos em 2022 para 221 em 2023, um crescimento de 13,3%. Já o Distrito Federal registrou o maior aumento proporcional no primeiro semestre de 2023, com 250% mais casos (de 6 para 21). Esses números mostram que, apesar de esforços pontuais, a violência contra a mulher persiste como um desafio estrutural.
Esse avanço da misoginia não se limita às estatísticas de feminicídio. Ele se manifesta também nas redes sociais, onde discursos de ódio se proliferam, e na subnotificação de outros crimes, como estupros e agressões domésticas, que muitas vezes não chegam às autoridades. A polarização política e a disseminação de narrativas que desvalorizam as mulheres têm agravado esse cenário, tornando espaços públicos e privados cada vez mais hostis.
Neste Dia da Mulher, celebrar as conquistas – como a maior participação feminina no mercado de trabalho e os avanços em direitos reprodutivos – é essencial, mas insuficiente. A data deve ser um alerta: entre 2015 e 2024, os feminicídios cresceram ano a ano, e os mais de mil casos de 2024 são um grito de urgência. É preciso ações concretas para reverter essa tendência, desde o fortalecimento de políticas públicas até o combate à cultura machista que normaliza a violência.
Que este 8 de março seja mais do que uma homenagem. Que seja um compromisso coletivo para garantir que as mulheres brasileiras não continuem a pagar com suas vidas o preço da desigualdade. Porque, se não agirmos agora, os números continuarão a subir, e o sonho de um futuro igualitário ficará cada vez mais distante.
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