"Difícil falar de perdão", diz Anielle Franco sobre Ronnie Lessa em julgamento

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, expressou sua dificuldade em perdoar o ex-policial militar Ronnie Lessa, responsável confesso pelo assassinato de sua irmã, Marielle Franco, durante o segundo dia de julgamento, realizado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Em uma declaração carregada de emoção, Anielle destacou que, embora sua família seja de formação cristã, é complicado lidar com sentimentos de perdão em meio à dor e ausência de Marielle.

“Acho que não sou eu que tenho de perdoá-lo”, disse a ministra, reforçando que “é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui”.

No julgamento, Lessa admitiu ter recebido R$ 25 milhões como parte do acordo para realizar o assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. Ele relatou que Marielle tornou-se uma “pedra no caminho” dos mandantes do crime e detalhou como executou o atentado. Embora tenha pedido desculpas à família das vítimas e demonstrado “arrependimento”, Anielle e os demais familiares demonstraram profunda tristeza e descontentamento com o relato.

A audiência contou com a presença de parentes e amigos de Marielle, incluindo sua mãe, Marinete Silva, sua filha, Luyara, e a viúva Mônica Benício, todos visivelmente abalados pelo teor das declarações. A família reafirmou a importância da condenação dos envolvidos como uma resposta ao mundo pelo brutal assassinato de Marielle e Anderson.

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes, negam envolvimento no crime e enfrentam um processo separado no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a motivação teria sido interromper a atuação de Marielle em temas que afetavam interesses financeiros ligados ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e à regularização de áreas controladas por milícias.

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