Caso Marielle e Anderson: saiba como foi o primeiro dia do julgamento

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O primeiro dia do julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, foi um dia longo e emocional, marcado por mais de 13 horas de depoimentos e declarações que trouxeram à tona detalhes cruciais do crime e o impacto devastador sobre as famílias das vítimas. A sessão foi presidida pela juíza Lucia Glioche, responsável pelo 4º Tribunal do Júri no Rio de Janeiro, e terminou após os jurados votarem pelo encerramento temporário dos trabalhos.

O julgamento começou por volta das 10h30, e a tensão esteve presente desde o início, com manifestantes reunidos em frente ao Tribunal de Justiça do Rio segurando faixas e girassóis em homenagem a Marielle e Anderson. Dentro da sala, foram ouvidas nove testemunhas, incluindo a única sobrevivente do ataque, a assessora de imprensa Fernanda Chaves, que relembrou o momento em que o carro onde estavam foi alvejado. Ela e Marielle conversavam sobre o dia quando o carro foi atacado, e Fernanda descreveu o choque e a confusão ao perceber que estava ensanguentada e que Marielle havia sido atingida.

Os réus, Lessa e Queiroz, participam do julgamento de forma remota e, em depoimentos, detalharam partes do planejamento e execução do crime. A confissão, no entanto, não diminuiu o peso emocional do dia, já que familiares, como Marinete Silva, mãe de Marielle, e Mônica Benício, viúva da vereadora, trouxeram relatos impactantes sobre a dor da perda. Marinete destacou o vazio deixado pela morte da filha, descrevendo o sofrimento contínuo e o sentimento de injustiça ao saber que alguém foi pago para matar Marielle.

Depoimentos Marcantes
Durante o depoimento, Fernanda Chaves, visivelmente emocionada, relembrou o momento exato do ataque, descrevendo o susto ao perceber que Marielle não reagia. Marinete Silva, mãe da vereadora, por sua vez, descreveu a dor de perder a filha de maneira tão brutal, e em certo ponto pediu para ressaltar que estava ali não para falar sobre Marielle enquanto figura pública, mas como mãe que perdeu uma filha amada.

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Outro depoimento comovente veio de Ágatha Arnaus, viúva do motorista Anderson Gomes, que relembrou o impacto da perda para o filho pequeno do casal, Arthur, que tinha apenas um ano e sete meses quando o pai foi morto. Ágatha se emocionou ao descrever a ausência do pai nos momentos mais importantes da vida do filho e relembrou situações difíceis, como uma cirurgia pela qual o menino passou meses após o assassinato de Anderson.

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Mônica Benício, viúva de Marielle e também vereadora pelo PSOL, declarou sua surpresa e consternação ao descobrir que a morte de Marielle foi planejada como uma execução e não fruto de um assalto ou engano. Em seu depoimento, Monica afirmou que Marielle era alguém querida por todos, e que a brutalidade e a frieza do crime trouxeram uma carga ainda maior de crueldade para a família. Ela relatou a dificuldade de entender como alguém poderia querer tirar a vida de uma pessoa tão dedicada à defesa dos direitos humanos e à luta contra as injustiças sociais.

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No primeiro dia do julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, o depoimento de Marinete Silva, mãe de Marielle, foi especialmente comovente e trouxe à tona as dores e as saudades que ela e sua família enfrentaram nos últimos seis anos. Dona Marinete relembrou a trajetória da filha, desde seu nascimento até o envolvimento na política e na defesa dos direitos humanos. Ela descreveu Marielle como uma mulher batalhadora e determinada, cuja perda deixou um vazio irreparável.

Em seu depoimento, Dona Marinete compartilhou o impacto devastador da morte de Marielle na família, especialmente para sua neta, Luyara, que perdeu a mãe de forma brutal e injusta. Em um momento particularmente intenso, Marinete afirmou que, apesar de Marielle ser vista como um símbolo de resistência, ela estava ali para falar sobre a filha enquanto mãe, trazendo um lado profundamente pessoal de sua luta.

Além disso, Dona Marinete destacou a injustiça do crime e a dor de saber que alguém foi pago para tirar a vida de Marielle. Esse relato emocionou o tribunal e expôs o sofrimento de uma mãe que, mesmo após anos de espera por justiça, continua a carregar a saudade e a busca por respostas.

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Um dos momentos mais impactantes da sessão foi quando Ronnie Lessa, ex-PM e réu confesso, pediu perdão às famílias de Marielle e Anderson. Participando do julgamento de forma remota, Lessa expressou arrependimento e reconheceu a dor que causou, principalmente para as famílias das vítimas. Esse pedido, porém, foi recebido com emoções mistas, já que muitos presentes no tribunal, incluindo os familiares, questionaram a sinceridade de suas palavras, considerando a longa espera por justiça e o impacto irreparável do crime na vida das famílias.

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Procedimentos Esperados para o Segundo Dia
O julgamento deve continuar com as alegações finais do Ministério Público, que defende a condenação dos réus à pena máxima de 84 anos de prisão. O MP deverá apresentar seus argumentos aos jurados pela manhã, seguido pelos advogados da acusação e, na sequência, a defesa dos réus terá a oportunidade de falar. A possibilidade de réplica e tréplica está prevista antes que o júri se reúna para deliberar e decidir pela condenação ou absolvição de Lessa e Queiroz.

Esse julgamento é aguardado há seis anos e representa um marco na busca por justiça para Marielle e Anderson. Movimentos sociais e familiares das vítimas esperam que, com esse processo, respostas definitivas e uma condenação justa sejam finalmente alcançadas.

Assista o julgamento ao vivo:

 

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