Em uma iniciativa para desvendar e preservar relíquias de seu vasto patrimônio histórico e cultural, acumulado desde sua fundação em 1833, a Prefeitura de Nova Iguaçu deu início à escavação no Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velha. Recentemente, a administração municipal estabeleceu a Superintendência de Pesquisas Arqueológicas, com o propósito de descobrir, estudar e conservar os tesouros encontrados no município.
Em poucos dias de trabalho, já foram descobertos fragmentos de louças, garrafas, metais, vidros e cerâmicas na área da antiga Câmara e Cadeia da Vila de Iguassú, que faz parte do mencionado parque. Todo o material será encaminhado para um laboratório instalado na antiga estação ferroviária de Tinguá, também restaurada pela prefeitura, para ser submetido a processos de higienização e análise, visando identificar sua origem e época.
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A escavação foi autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em abril, após solicitação da superintendência, cujos trabalhos estão sob a coordenação de Diogo Borges, mestre em arqueologia pelo Museu Nacional.
No Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velha, localizado na região de Tinguá, há a expectativa de encontrar artefatos arqueológicos indígenas que remontam a aproximadamente 10 mil anos, quando essa região era habitada pelos povos indígenas na Baixada Fluminense.
Diogo Borges explicou: “Estamos no início da etapa de pesquisa arqueológica no parque. A escavação está sendo realizada em um terreno de 120 metros quadrados, dividido em quadrados de dois metros para facilitar os trabalhos. Estamos escavando em camadas de 10 centímetros de cada vez, e já atingimos 40 centímetros de profundidade. Utilizamos ferramentas manuais, como enxadas, colheres de pedreiro, pás e alavancas. Posteriormente, o material passará por um processo de refinamento em uma peneira para separação adequada.”
Após a conclusão da escavação na área da Câmara e Cadeia da antiga Vila de Iguassú, os trabalhos se estenderão para outros locais, como o Porto da Praça do Comércio de Iguassú, a Torre Sineira da antiga Igreja Matriz, o cemitério de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e outros portos situados no antigo leito do rio Iguaçu, que foi retificado no início do século XX.
O secretário de Cultura, Marcus Monteiro, ressaltou que a cidade de Nova Iguaçu possui diversos marcos históricos significativos, como a construção da Igreja Nossa Senhora da Piedade de Iguassú em 1699, a abertura da Estrada Real do Comércio, partindo da antiga Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Iguassú entre 1811 e 1822, e a fundação da Vila de Iguassú em 1833. Além disso, destaca-se a presença de dezenas de aldeamentos indígenas que existiram até o século XVI, antigos engenhos e fazendas, bem como diversos quilombos que datam dos séculos XVII ao XIX.
A realização dessas escavações arqueológicas certamente contribuirá para enriquecer a história da Baixada Fluminense. O acervo de relíquias encontradas revelará detalhes valiosos sobre a ocupação humana, os costumes e as atividades econômicas que moldaram a região ao longo dos séculos.
A iniciativa da Prefeitura de Nova Iguaçu em criar a Superintendência de Pesquisas Arqueológicas demonstra um compromisso com a preservação do patrimônio cultural e histórico local. Ao investir nesse trabalho minucioso de escavação, análise e conservação, a administração municipal valoriza a identidade e a memória da cidade, proporcionando aos seus habitantes e visitantes a oportunidade de conhecer e se conectar com a rica herança que a Nova Iguaçu carrega.
Com a continuidade das escavações em outros pontos importantes do Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velha, espera-se desvendar ainda mais segredos enterrados sob o solo. Essa busca incansável por vestígios do passado é essencial para a compreensão da história local e para a preservação de um legado que merece ser celebrado e compartilhado.