Policiais acusados da morte de Kathlen Romeu irão a júri popular no Rio

Kathlen Romeu - Gravida baleada no Rio de Janeiro

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que os policiais militares Marcos Felipe da Silva Salviano e Rodrigo Correia de Frias sejam levados a júri popular pela morte de Kathlen Romeu. A decisão foi proferida pela juíza Elizabeth Machado Louro e tem como base o laudo da reprodução simulada do caso, que apontou a autoria dos disparos que atingiram a jovem. Apesar da decisão, os réus aguardam o julgamento em liberdade, e a data da sessão ainda não foi definida.

Kathlen Romeu, que estava grávida de quatro meses, foi morta em junho de 2021 no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A jovem havia ido visitar sua avó quando foi atingida no tórax por um tiro de fuzil. Segundo a versão dos policiais, eles realizavam patrulhamento na região e teriam sido surpreendidos por criminosos, o que teria motivado os disparos. No entanto, as investigações contestam essa alegação e indicam que os tiros partiram dos agentes.

Além da acusação de homicídio, os dois policiais e outros três agentes também respondem por fraude processual e falso testemunho. O Ministério Público sustenta que os PMs tentaram alterar a cena do crime para dificultar a apuração dos fatos. Em 2023, a primeira audiência do caso foi realizada, com o depoimento de testemunhas que reforçaram a responsabilidade dos policiais na morte de Kathlen.

O caso gerou grande comoção e levantou novamente o debate sobre a letalidade policial no Rio de Janeiro. Familiares e movimentos sociais seguem mobilizados para que a justiça seja feita, cobrando um julgamento célere e a punição dos responsáveis. A defesa dos policiais ainda pode recorrer da decisão que os leva a júri popular.

  1. O que Kathlen fazia quando foi baleada?

Kathlen Romeu, de 24 anos, foi baleada enquanto caminhava com sua avó, Sayonara Fátima, na comunidade do Lins de Vasconcelos. Ela havia se mudado da região no final de abril, em busca de mais segurança, já que temia a violência crescente no local. No momento do incidente, Kathlen estava visitando sua avó. Após ser atingida, a avó de Kathlen insistiu para que os policiais prestassem socorro à jovem, que foi levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu aos ferimentos. “Minha rua está muito perigosa. Eu não queria perder minha neta desse jeito estúpido”, desabafou a avó.

  1. Qual foi a causa da morte da jovem de 24 anos?

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou que Kathlen morreu devido a um tiro de fuzil no tórax. O projétil foi transfixante, ou seja, não permaneceu no corpo, mas causou uma hemorragia interna grave, resultando em sua morte.

  1. Kathlen estava grávida de quanto tempo?

Kathlen estava grávida de quatro meses quando foi morta. Ela havia compartilhado a felicidade da gestação em suas redes sociais, revelando que estava esperando um bebê e havia escolhido os nomes Maya ou Zyon.

  1. O que disse o namorado de Kathlen ao saber da morte?

Marcelo Ramos, namorado de Kathlen e pai do bebê que ela estava esperando, usou suas redes sociais para prestar uma emocionante homenagem à jovem. Ele expressou sua dor profunda, dizendo: “Nunca será esquecida, meu amor, você, a Maya/Zyon, sempre irão morar dentro de mim. Estou completamente sem chão. Que Deus me dê força”, escreveu ele, demonstrando a perda irreparável que estava vivendo.

  1. O que a Polícia Militar disse que aconteceu no Lins?

Em nota oficial, a Polícia Militar negou estar realizando uma operação no local. A PM alegou que os agentes foram atacados por criminosos enquanto patrulhavam a área conhecida como “Beco da 14”, o que teria dado início a um confronto armado.

  1. Quem provocou o confronto que terminou com a morte da jovem?

O major Ivan Blaz, porta-voz da PM, afirmou que a facção criminosa envolvida no tiroteio no Lins era a mesma que atua em outras favelas do Rio, como a Providência, o Jacarezinho e o Prazeres. Ele disse que essa facção tem a prática de atacar as forças policiais e utilizar os moradores como escudo humano.

  1. O que diz a família de Kathlen?

A mãe de Kathlen, Jaqueline de Oliveira Lopes, afirmou que o disparo fatal que matou sua filha foi realizado por um policial militar, conforme relatos de moradores da comunidade. Ela destacou: “Se a minha filha fosse morta por bandido, eu não falaria nada, porque sei que vivo em um lugar onde isso pode acontecer. Mas não foi assim. Foi a polícia que matou a minha filha”. Ela pediu justiça para o caso.

  1. Que procedimentos a Polícia Civil tomou na investigação?

A Polícia Civil, através da Delegacia de Homicídios, está conduzindo a investigação. Foram apreendidos 12 fuzis e 9 pistolas utilizados pelos policiais durante o confronto. Até o momento, cinco policiais militares já foram ouvidos no inquérito.

  1. O que fez a PM após os relatos da família de que a jovem foi morta por policiais?

Após a denúncia da família, a PM afirmou ter aberto um procedimento interno para apurar as circunstâncias da morte de Kathlen, além do inquérito que está sendo conduzido pela Delegacia de Homicídios. A investigação interna será liderada pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora, já que policiais da UPP Lins estavam envolvidos na ação.

Em 13 de dezembro, seis meses após o crime, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou cinco policiais militares por alterarem a cena do crime onde Kathlen foi morta, acrescentando evidências falsas para incriminar outros elementos, como cartuchos e um carregador de fuzil.

10. MP denuncia PMs por alterações na cena do crime

No dia13 de dezembro, seis meses após o crime, o Ministério Público estadual (MPRJ) denunciou cinco policiais militares que supostamente alteraram o local onde Kathlen foi morta.

A 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar denunciou o capitão da PM Jeanderson Corrêa Sodré, o 3°sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos da PM Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano.

De acordo com a denúncia, os PMs Chaves, Frias, Scanfela e Salviano retiraram o material que estava no local antes da chegada da perícia, e ainda acrescentaram 12 cartuchos calibre 9 milímetros deflagrados e um carregador de fuzil 556, com 10 munições intactas.

Também segundo o documento, Jeanderson Corrêa Sodré, mesmo estando no local e podendo agir como superior dos PMs, se omitiu da função que, por lei, deveria cumprir, que seria fazer a “vigilância sobre as ações de seus comandados”.

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